A presente pesquisa teve como objetivo refletir sobre o lugar da participação das mães no atendimento socioeducativo em meio fechado no estado de Pernambuco, buscando compreender qual o sentimento que orienta o seu processo de acompanhamento e engajamento nas ações públicas de reivindicação de melhorias no atendimento. Como compreender essa energia amorosa que as estimula a romper com o medo e manifestar sua indignação com o panorama da unidade socioeducativa que apresenta problemas de superpopulação, maus tratos e violência impostos aos adolescentes? Para realizar esse estudo, foi preciso utilizar como parâmetro a perspectiva de gênero em face do entendimento de que é uma construção social e histórica. Duque-Arrazola explica muito bem que a concepção de gênero, enquanto uma categoria teórica de análise, pressupõe que existam relações de gênero que interferem e organizam a sociedade e, consequentemente, determinam as formas de relacionamento entre homens e mulheres, sua inserção social e suas práticas cotidianas. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo estudo de caso e foram utilizadas como técnica de coleta de dados a entrevista semiestruturada e a história de vida. O estudo evidenciou que a situação de vulnerabilidade socioeconômica acarretou muitas dificuldades no cumprimento da função social da família de proteção, cidadania e subsistência. Apontou, ainda, que é forte o sentimento de culpa das mães em relação ao insucesso dos filhos que estão em cumprimento de medida socioeducativa em meio fechado e a descrença com o processo socioeducativo desenvolvido pela Fundação de Atendimento Socioeducativo/FUNASE para que os adolescentes possam se sentir mais fortalecidos para dar um novo sentido para suas vidas. A pressão em relação ao ideal de maternidade é muito forte. Diante da evidência e a partir do atributo do “ser cuidadora”, pode-se verificar a força da imposição social sobre essas mulheres, que se atormentam por não terem sido boas mães. Se sentem inadequadas ou culpadas.
(81) 3320.6067
lahinufrpe@gmail.com
