Esta pesquisa trata do acolhimento de crianças em bibliotecas. A complexidade dos ambientes de informação organizada, a singularidade dos públicos infantis, a inadequação de práticas visando a recepção e iniciação de crianças em bibliotecas integram a problemática do estudo, que buscou sistematizar elementos capazes de orientar processos de acolhimento de crianças (não alfabetizadas) em dispositivos de informação e cultura. Com base no pressuposto de que a constituição de elos/vínculos com a biblioteca, compreendida como espaço transicional, é categoria essencial ao diálogo dos sujeitos com o patrimônio cultural registrado, o processo inicial de ingresso mostra-se questão primordial. O referencial teórico abarcou as noções de acolhimento em diferentes áreas de conhecimento; criança; objeto transicional, biblioteca, dispositivos, mediação cultural e a abordagem da Infoeducação. O estudo baseou-se no método qualitativo, a partir de observação participante e coleta de depoimentos de sujeitos implicados na pesquisa. O objeto empírico do estudo foi o Programa Biblioacolhe, implementado em biblioteca de um Centro Educacional Unificado (CEU) e desenvolvido em 2017, tendo em vista o atendimento de crianças da Educação Infantil. A pesquisa conclui sobre o caráter do acolhimento, como categoria essencial à construção do sentido de pertencimento dos sujeitos em relação à biblioteca, indicando tratar-se de noção ampla implicando diferentes dimensões, de ordem afetiva, cognitiva, cultural, institucional. Os resultados evidenciaram que o processo de inserção significativa e participativa dos sujeitos no dispositivo de informação e cultura é complexo, gradativo, implicando diferentes esferas mutuamente implicadas, em especial, a constituição de um quadro de atores comprometidos e de contextos preparados para a realização do processo de acolhimento.
(81) 3320.6067
[email protected]
